O comendador António Ferreira da Austrália


António Ferreira nasceu no Funchal. No Palheiro Ferreiro.
Quando deixa a escola aprende a arte de mecânico na oficina de um irmão.
Depois ingressa nos serviços florestais, onde passa a ser mecânico na Ribeira Brava.
Trabalha nas estradas do Paúl da Serra, no Fanal e entre os Canhas e o Paúl. Ali fica cinco anos.
Consegue ficar livre da serviço militar que o levaria para a Índia, uma tarefa difícil de conseguir. Mas um engenheiro de Évora consegue mexer os cordelinhos e não segue viagem. Deixa os serviços florestais e ingressa nos serviços hidráulicos. Para a Casa da Luz.
Trabalha nas máquina para a abertura do túnel dos Tornos, na Fajã da Nogueira, no Caldeirão Verde, e em outros lugares.
Sai destes serviços e vai trabalhar para as máquinas nos Portos.
Nessa altura já é casado e é pai de cinco filhos. Naqueles distantes anos 60 não vêm muitas saídas para a vida que sonha para si e para a família. Por isso pensa que tem se partir à procura de um futuro mais promissor.

Pede licença para sair, mas tem o cuidado de ficar vinculado aos serviços do governo para o caso da sua aventura não resultar.
Escolhe a Austrália onde tem um primo que faz a carta de chamada. Vai primeiro e, depois, a mulher segue com os filhos.
Não obstante, o caminho não é direto.
Passa pela África do Sul onde trabalha uns meses e amealha algum dinheiro que lhe permite fazer um depósito para uma casa quando chega à Austrália. A família quando chega a Sidney já tem onde ficar.
Vai trabalhar na sua área, depois de ter tirado alguns cursos de mecânica em Lisboa.
Chega numa quinta-feira e já queriam que trabalhasse no sábado. Mas só começa na segunda-feira. Começa com a companhia de um espanhol para servir de intérprete nas oficinas do governo.
Hoje, reformado, com 70 anos, diz que está feliz com os filhos todos bem da vida. E os netos também. Todos estão no país dos cangurus.
Com lágrimas diz que nasceu numa casa pobre, de palha, e manifesta tristeza pelos pais não estarem vivos para sentirem orgulho na grande viragem deste filho.
Uma vida onde não se limita ao trabalho e à família. Tem uma visão mais abrangente e procura unir a comunidade que diz estar um pouco dividida na altura.
Está ligado à recuperação do Portugal Madeira Club onde tem um busto de Alberto João Jardim. Diz que é a forma da comunidade reconhecer o trabalho que o presidente do Governo Regional fez pela Madeira e pelas comunidades madeirenses espalhadas pelo mundo. É o pai da geminação da cidade do Funchal comas cidades australianas de Fremantle e Marrickville. Este seu trabalho foi reconhecido pela República Portuguesa que o agracia com uma comenda. É igualmente condecorado pelo Governo australiano no Ano Internacional dos Idosos, o que deixa muito orgulhoso.
Diz que a comunidade madeirense convive entre si.
Replica todas as festas madeirenses na Austrália. Mas também está bem integrada com a população local e com as autoridades.
Membro ativo do conselho das Comunidades Madeirenses faz questão de vir todos os anos à sua terra natal. Esta conversa foi feita por estes dias, antes de regressar à capital australiana.

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